que foi casado duas vezes, pai de três filhos e sempre esteve cercado de milhares de fãs e de
escândalos sexuais, morreu virgem sem ter relações com qualquer homem, mulher ou criança.
Esta talvez seja a mais polêmica tese do livro Intocável - A Estranha Vida e a Trágica Morte
de Michael Jackson, do escritor, jornalista e ex-editor da revista Rolling Stone, Randall Sullivan.
O livro chegou este mês ao Brasil já bombardeado por críticas de fãs, que boicotaram a obra
nos Estados Unidos.
Mesmo assim, a primeira tiragem brasileira pela Companhia das Letras passa dos 12 mil
exemplares, o que é considerado muito bom pelo mercado editorial.
Em 864 páginas, o peso do livro não se atem ao legado musical deixado pelo cantor e
compositor. Pelo contrário, a obra se propõe a explorar com exaustão a vida privada
do astro, com base em uma grande pesquisa que inclui a contabilidade de Michael,
suas idas aos tribunais, seus acordos comerciais, além de prontuários médicos.
Sullivan entrevistou amigos, parceiros, colegas e a mãe Katherine para tentar responder
quem foi Michael Jackson e o que aconteceu com o artista brilhante desde a infância, que
compôs Billie Jean em dez minutos e que, até o sucesso do álbum Thriller, aparentava ser
absolutamente seguro de si.
De leitura fácil, as quase 900 páginas (129 delas de referências bibliográficas e
mais 32 de fotos) não cansam o leitor a ponto que o prende em pequenas histórias
contadas em ordem não cronológica.
Intocável parte dos dias finais de Michael Jackson na mansão Neverland e conduz
uma investigação pelos quatro últimos anos de vida do músico, que viajava o mundo
(da Califórnia para o Oriente Médio, depois Irlanda, Ásia, Costa Leste e Las Vegas),
na tentativa de recuperar sua fortuna e reputação com um novo disco e uma série de
cinquenta megashows, para os quais ele ensaiou até um dia antes de sua morte.
O livro ainda faz um grande resumo dos primeiros 35 anos de vida de Jackson, incluindo a
infância traumática e a transformação dele em rei do pop.
Em passagens mais polêmicas, mostra a perseguição que o artista sofria não só da mídia,
mas principalmente da família, que o explorava financeiramente, o que o fazia se isolar
cada vez mais do mundo.
Outro ponto que chocou os fãs norte-americanos diz respeito às transformações que
ele fazia em seu corpo. Não ter mais o nariz verdadeiro (e sim apenas dois buracos)
é apenas uma das experiências bizarras promovidas por centenas de plásticas e
processos cirúrgicos.
Na teoria de Sullivan, Michael Jackson viveu numa realidade alternativa desde os 6
anos de idade, é completamente inocente das acusações de abuso sexual de crianças,
exatamente por nunca ter conseguido uma relação sexual, e é o pior gestor de finanças
pessoais da história da humanidade.
Viveu seus últimos dias com cartões de crédito cancelados e sem dinheiro para pagar
as contas, mesmo sendo dono do maior catálogo de música que já existiu (MJ, Beatles e Elvis).
Se no início da carreira o rei do pop tinha o mundo aos seus pés e passos, o fim foi
melancólico, sozinho e sem expectativas. Por trás do gênio existia alguém bem mais
complexo e triste do que apenas um artista excêntrico e incompreensível.
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