Ninguém pode negar que Michael Jackson foi um dos maiores astros da música (e das coreografias) de todos os tempos.
Ninguém
pode negar também, que a Ubisoft revolucionou o Wii e os jogos de dança
em 2009 com o supreendentemente bom “Just Dance” (e depois com sua
continuação “Just Dance II” de 2010). E se uníssemos então, as músicas
do rei do pop com a ideia inovadora da Ubisoft? Foi pensando nisso que a
desenvolvedora francesa criou Michael Jackson: The Experience, um jogo
tão divertido quanto simples, que pode agradar os fãs mais ardorosos
tanto do astro quanto dos games, desde que alguns poucos detalhes não
sejam levados em conta.
Michael Jackson por uns dias
Logo
no início, a primeira boa surpresa: um repertório extremamente
completo, permeando toda a carreira de Michael e incluindo praticamente
todos os seus sucessos. E em se tratando de Michael Jackson, essa lista é
enorme. São mais de 25 músicas no total, dentre as quais o destaque vai
para “Thriller”, “Black Or White”, “Bad”, Billie Jean”, “Heal The
World” e “They Don’t Care About Us”, que certamente são conhecidas de
todos. Cada uma das músicas proporciona dois níveis de dificuldade:
escolhendo o primeiro (sempre o mais difícil) você dança conforme a
coreografia do próprio Michael Jackson. Já o segundo, mais fácil,
corresponde às danças dos bailarinos que acompanham MJ ao fundo. Os
níveis variam de “Easy” até “Inhuman” (como no caso de Thriller).
Outro
ponto positivo do game é o cuidado que a produtora teve com a
fidelidade. Alguns cenários reproduzem fielmente cenas dos vídeo clipes
de Michael, inclusive com os dançarinos e o astro vestidos a caráter.
Impossível conter a nostalgia ao ver o bar do clipe de Smooth Criminal
com todos fantasiados de “mafiosos”. Ou então na música “In the closet”
que (como no clipe) as cenas de dança são executadas por Michael e a
modelo Naomi Campbell. Cabe ao jogador escolher qual dos dois irá
representar. Além dos cenários, as coreografias receberam um tratamento
especial também, pois são extremamente fiéis às originais na grande
maioria das músicas. Você pode encarnar a lenda agora sem medo de ser
feliz, fazendo todos os passinhos que antes só tinha coragem na frente
do espelho. E o que é melhor: com a pontuação, pode provar aos seus
amigos que é muito melhor fazendo aquele moonwalk do que qualquer outro
no bairro.
O andamento do game segue o tradicional. Movimentos
que devem ser copiados como se você estivesse em frente a um espelho. A
mão com a qual você segura o Wii Remote é assinalada na tela com um
brilho na mão de Michael e na parte superior da tela, uma miniatura
mostra qual o passo que deverá ser feito em seguida. Depois de cada um
deles, você recebe uma “nota” de acordo com a precisão do movimento, que
pode ser “perfect”, “good”, “ok” ou “X” (que indica erro).
O que houve com seu rosto e com seus extras, Michael?
Apesar
do cuidado com roupas, cenários e dançarinos, uma das grandes decepções
do jogo é justamente a parte gráfica. Com uma textura ruim, os gráficos
deixam muito a desejar, muitas vezes parecendo somente um “borrão sem
rosto” (será que foi de propósito?) se remexendo na tela.
Outra
grande pisada na bola da Ubisoft, foi não ter incluído nenhum conteúdo
extra realmente interessante. Não existe um modo carreira e nem músicas
novas para serem desbloqueadas ou compradas on-line (como em Just Dance
II). Os únicos itens que não estão disponíveis desde o início do jogo,
mas são liberados conforme você faz pontos nas músicas e ganha estrelas
são os vídeos do modo “School Dance”, nada mais do que uma série de
pequenas “vídeo aulas”, com aquecimentos e tutoriais feitos por
dançarinos profissionais, que explicam como dançar determinadas músicas
passo a passo. Acaba sendo meio desnecessário e contraditório, visto que
para liberar esse conteúdo você obrigatoriamente tem que fazer muitos
pontos nas músicas e, consequentemente, acaba decorando as coreografias.
A experiência deixou a desejar…
Até
agora, nada que possa comprometer a diversão com seus amigos. Quando se
está jogando um jogo de dança com mais 3 pessoas, com músicas e
coreografias tão geniais quanto as de Michael, os detalhes gráficos, as
texturas e talvez até mesmo os extras não importem tanto, como quando
estamos jogando jogos de tiro, ou aventura por exemplo. Contudo, um
detalhe importante que atrapalha bastante no jogo e deixa muito a
desejar, é a jogabilidade. Justamente pelo fato de o jogo se basear
apenas nos movimentos feitos com a mão que segura o Wii Remote (e não
com o corpo todo), esse reconhecimento deveria ser mais preciso. Chega a
ficar irritante em algumas sequências, quando você sabe que está
fazendo o movimento certo, no tempo certo, do jeito certo e, ao invés de
um “perfect” ou um “good”, recebe um “OK” ou “X”. Nada que comprometa,
mas deveria ter sido trabalhado melhor, já que é o componente mais
importante em jogos nesse estilo. Nem que para isso fizesse uso do
Motion Plus.
Michael Jackson: The Experience é um jogo
extremamente divertido, bem como seus antecessores, da série Just Dance.
Mas infelizmente (e inexplicavelmente) devido a esses problemas, fica
em um nível inferior aos títulos anteriores da Ubisoft. Mesmo assim, não
deixa de ser uma ótima desculpa para reunir os amigos e passar algumas
horas fazendo exercícios despretensiosos e evoluindo seu skill de ginga e
requebrado. Pegue seu Wii Remote, e “Moonwalk neles”!
por
Rodrigo Trapp