É natural do ser humano endeusar indivíduos (figuras públicas, em sua maioria) depois que estas morrem - algo que até o Cinema já discutiu, no filme World's Greatest Dad, com Robin Williams. Com Michael Jackson não foi diferente: assim que o autointitulado Rei do Pop (algo que descobri neste documentário) foi dado como morto, elogios sobre sua carreira e sua trajetória pessoal não foram economizados e uma legião de novos fãs passou a consumir com vigor seus produtos e sofreu com a tragédia como se acompanhasse o astro há décadas. Não que Michael Jackson não tenha sido um artista de extrema importância - especialistas no assunto podem discorrer a respeito do assunto com mais propriedade do que eu -, mas, anos após sua morte, a tendência a conferir um caráter quase etéreo ao artista persiste.
E este Michael Jackson: The Immortal World Tour é uma prova disso. Acompanhando os ensaios do Cirque du Soleil para um espetáculo inspirado na carreira do cantor, o documentário recorre a imagens de arquivo e depoimentos de familiares e antigos colegas de trabalho de Michael Jackson para fazer um panorama extremamente piegas de sua vida e trajetória artística, apelando até mesmo para testemunhos de pessoas próximas a Jackson sobre o sentimento nos momentos imediatamente posteriores a seu falecimento. Dessa forma, a produção do espetáculo é colocada praticamente em segundo plano - o que é uma pena, já que a exuberância e o preciosismo técnico da companhia são mundialmente reconhecidos.
Do show propriamente dito, pouco é mostrado - mas o empenho em criar um tributo à altura do homenageado é bem enfatizado pelos organizadores e, acima de tudo, soa legítimo. Além disso, o documentário é bem sucedido no resgate e documentação de importantes decisões artísticas de Michael Jackson ao longo de sua extraordinária carreira, através de entrevistas com vários de seus antigos colegas de trabalho - mas apenas quando estes, claro, conseguem se ater aos fatos que transformaram o artista em um mega astro, e não às divagações sobre a figura mítica que se tornou após nos deixar.
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