segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Funcionária: consultório de Murray não tinha enfermeiras licenciadas



Conrad Murray, médico acusado de ter sido responsável pela morte de Michael Jackson. Foto: AFP Conrad Murray, médico acusado de ter sido responsável pela morte de Michael Jackson
Foto: AFP

No julgamento do Dr. Conrad Murray, acusado de ter sido responsável pela morte de Michael Jackson por ter aplicado no cantor uma dose mortal do anestésico Propofol, uma ex-funcionária do consultório do médico em Las Vegas, Consuelo Ng, afirmou que não havia enfermeiras licenciadas no local, apesar da prática comum de elas fazerem trabalhos ligados à categoria.
"Eu trabalhava cinco vezes por semana ali", disse em relação ao mês da morte do rei do pop. "Atendia telefonemas, cuidava dos arquivos, recebia os pacientes, checava seus níveis de oxigênio, fazia exames de sangue. Todas as três (funcionárias que trabalhavam no local) exerciam todas esas funções".
Segundo Consuelo, Murray chegou a comunicar que tiraria um ano sabático para sair em turnê com Michael Jackson, com uma série de shows marcada para Londres, batizada This is It.
"Ele nos juntou e disse que arrumaria um médico competente para substitui-lo em sua ausência", esclareceu. "Fiquei empolgada com a viagem, pois era o Michael Jackson e todos o conhecem e admiram".
Pouco depois, no depoimento que encerrou o dia no tribunal onde ocorre o julgamento, a jovem Bridgette Morgan, que manteve um relacionamento amoroso com Murray na época da tragédia, confirmou, entre as poucas coisas faladas nos minutos em que permaneceu sob juramento, ter tentado falar com o então namorado no dia da morte, mas ele não atendeu ao telefone.
Na emergência
A cardiologista Thao Ngueyen, que iniciou seu depoimento no julgamento de Conrad Murray às 15h45 (horário de Brasília), mostrou de forma um pouco mais aparente o tamanho da preocupação que o acusado tinha em relação ao Propofol, anestésico responsável por colocar fim à vida de Michael Jackson.
Segundo Ngueyen, que já trabalhava na UCLA (Universidade de Los Angeles) na época da morte do cantor, em junho de 2009, ela foi chamada para ir à emergência para atender o paciente VIP que ali se encontrava, no caso, o rei do pop - pois era dela a responsabilidade sobre os casos mais críticos de problemas cardíacos na instituição.
A cardiologista, então, afirmou ter conversado com o Dr. Conrad Murray e lhe questionado se havia dado a Jackson algum anestésico fora o calmante lorazepan naquele dia, receitado, segundo ele, pelo fato de o cantor estar "cansado devido aos ensaios para a série de shows que faria em Londres".
"Ele (Murray) se apresentou como o médico particular de Michael Jackson", explicou Ngueyen. "Perguntei se tinha outros narcóticos ou remédios além daquele (lorazepan) que ele havia citado, e ele disse, 'não há outras drogas'".
A médica ainda lhe indagou sobre o horário em que o remédio havia sido aplicado e fez a mesma pergunta a respeito da ligação que fez à emergência ao constatar que Jackson não respirava.
"Ele não soube me responder. Disse que estava sem relógio e tampouco conseguiu citar um horário aproximado", afirmou a testemunha.
Pouco antes, a Dra Richelle Cooper, médica responsável por receber o Jackson na Emergência do UCLA, afirmou ter tentado reanimar o corpo durante 1h30 até finalmente desistir, já que não havia pulso. "Eu trabalho com situações críticas, então não prestei atenção ao modo como Dr. Murray se comportava", respondeu ao ser indagada sobre o tema.
Cooper ainda negou que as 25 mg Propofol dadas ao cantor seriam insuficientes para sedá-lo. "Eu aplicaria 1 mg para cada quilo do paciente. Se ele estivesse acordado e não tivesse tomado outro medicamento, essa seria a dose para começar".
Corroborando com a afirmação da colega Ngueyen, cujo depoimento foi prestado poucas horas depois, o cantor já chegou ao hospital morto e, apesar de diversas tentativas para reanimá-lo, não houve como mudar esse quadro.
O dia ainda contou com os depoimentos de Edward Dixon e Jeff Strohm, representantes, respectivamente, das companhias de telecomunicações AT&T e Sprint/Nextel, que analisaram os registros de chamadas do celular de Conrad Murray, bastante grandes no dia da morte de Jackson.
Segundo eles, no entanto, vários detalhes, como se os telefonemas foram de fato completados na ocasião, não puderam ser respondidos com o material disponível para análise.
O caso
Dr. Conrad Murray é acusado de matar o cantor Michael Jackson com um dose letal de propofol no dia 25 de junho de 2009, poucos dias antes do astro pop iniciar a turnê de 50 shows This Is It.
Seu julgamento, com júri popular, deu início na última sexta-feira, 27 de setembro, e deve ser por cinco semanas. A promotoria do caso alega "grosseira negligência" do médico na dosagem do anestésico, enquanto a defesa diz que Michael Jackson teria se automedicou até a morte.

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